quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


DOS VINHOS QUE BEBO

Bebo nos quadros, fotos e imagens
Bêbados de vida flagrada na beleza
Banal do nada: em infinitas viagens,
Bestiais passageiros flutuam na leveza

Inimaginável do Ser-sempre que lê:
Ler porque não sou “oito em um”,
Mas porque, ao contrário de um ser,
Sou “cem milhões de brasileiros” num.

E esta imagem minha, assim fragmentada,
Dispersa-se nos livros dos vivos
E dos mortos, na tela por outrem pintada.

Daí porque, insistentemente digo:
Minha vida resume a empreitada:
Ler os outros para encontrar comigo.

Gil Guimarães

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